Logo após ter acabado com seu obsoleto aplicativo de notícias e ajustado suas ferramentas de notificação push, o Wall Street Journal encerrou as atividades de 8 blogs na 2ª feira (3.jul.2017). Eles apresentavam notícias que variavam de “Economia chinesa” à “arte, cultura e entretenimento”. O fechamento desses blogs foi parte da condensação de plataformas elaborada pelo próprio jornal em sua estratégia digital de entrelaçar tópicos semelhantes em sua página online.
Um dos blogs mais antigos do Wall Street Journal, o Law Blog, foi lançado em janeiro de 2006 com “um nome simples, porém uma nova abordagem para notícias sobre leis em uma era pré-Twitter”. Chefe da divisão de notícias sobre direito, Ashby Jones escreveu na nota de despedida:
O Law Blog foi pioneiro no Wall Street e fez sucesso imediatamente, atraindo leitores de todos os cantos que se interessam pelo ‘mundo do direito’. Esse sucesso inaugurou uma ‘época de ouro’ dos nossos blogs e encorajou o amplo crescimento da blogosfera sobre o assunto.”
O blog China Real Time, lançado antes das Olimpíadas de Pequim (2008), e o India Real Time, que surgiu durante o ano de 2010, relatou a vivência nas economias crescentes para leitores locais e internacionais. O repórter Josh Chin, de Pequim, escreveu sobre a mudança na carta de despedida de seu blog:
Quando esse site nasceu, o crescimento produto interno bruto da China estava em 2 dígitos. Pequim crescia com o triunfo das Olimpíadas e blogs sobre a China estavam proliferando na internet. Nove anos depois, o governo chinês está fazendo um esforço imenso para manter o crescimento da economia acima de 6%, as Olimpíadas são uma memória em esquecimento e vários blogs foram silenciados.
A história da China mudou, e consequentemente as maneiras de contá-la. Infelizmente, chegou ao fim a trajetória do China Real Time. Nós planejamos transferir as mesmas energia e percepção que motivaram o blog para a cobertura da China no Wall Street Journal e em outras plataformas, incluindo os principais sites em inglês e chinês.
O porta-voz do Wall Street Journal, Steve Severinghaus, disse que um total de 8 ramificações do jornal foram encerradas como parte do projeto 2020, uma revisão das operações internas lançadas em outubro de 2016. Outros blogs afetados foram o Speakeasy, de arte, cultura e entretenimento (que teve o sua última atualização em março), o centro de notícias de última hora Dispatch, o esportivo The Daily Fix e o revisor de dados Numbers, atualizado em julho de 2016. “Continuaremos a cobrir essas áreas por meio de outros formatos narrativos e plataformas digitais”, disse Severinghaus por e-mail.
Essa declaração é parecida com o que os funcionários do New York Times disseram sobre o encerramento do blog City Room (2007-2015). “Se fosse 100 anos atrás, isso teria durado por 50 anos. No entanto, o jeito com que a tecnologia muda e a maneira como a natureza do leitor muda a cada 5 anos, a expectativa de vida do blog foi muito mais curta”, disse o editor Wendell Jamieson. “Não significa que ele não foi uma ponte importante, mas a indústria era diferente quando o City Room foi lançado. Isso não significa que esse fato não seja uma ponte de acessibilidade, porém pertence a uma indústria diferente da que era abrangida quando o City Room foi lançado. Essa é, realmente, a era do pós-blog. E mal tive tempo de entrar na era do blog”.Apesar de as sucursais chinesa e indiana do Wall Street Journal e de os principais autores sobre o mundo das leis não postarem mais em blogs, o site irá manter os arquivos. Os perfis nas mídias sociais continuarão sendo atualizadas com conteúdo relevante advindo dos próprios repórteres, de acordo com o anúncio de encerramento das páginas. Para alguns seguidores, no entanto, isso não é o suficiente.
Self-inflicted wound at the WSJ. This will cost the organization in ways the bean-counters can't or won't measure. https://t.co/OZGCgTP9XQ
— Dan Gillmor (@dangillmor) July 3, 2017
“Ferida auto-infligida no WSJ. Isso custará à organização de maneiras que contadores de feijões não podem ou não irão calcular“, escreveu o especialista em mídia Dan Gillmor no Twitter.
A decisão do encerramento desses blogs é outra forma de racionalizar as plataformas do jornal, dias após o aplicativo What’s News ser descontinuado. O editor de mídias, Phill Izzo, disse ao meu colega Joseph Lichterman que o WSJ tenta flexibilizar as plataformas, enquanto mantém autonomia sobre o próprio conteúdo.“O que estamos tentando fazer é configurar um local no qual seja possível fazer alterações. Nós nunca seremos uma companhia tecnológica. Nunca seremos o Google ou o Facebook. Mas, o que podemos fazer é ter controle sobre nossas produções e mais controle ainda sobre o que publicamos”, disse Izzo em junho.
Como o sub-chefe do escritório do sul asiático, Eric Bellman, disse em uma nota anunciando o fim do India Real Time, o conteúdo continuará sendo publicado –mas não nos blogs.
O India Real Time foi lançado em 2010 como a 1ª tentativa de um jornal de caráter global de oferecer novas produções aos leitores por meio da internet. Sete anos e vários cliques depois, o Wall Street Journal está fechando esse blog de sucesso. Continuaremos a transmitir conteúdos aos consumidores indianos que desejam acessar informações por meio dos caminhos mais populares: inscrições, acesso a aplicativos e mídias sociais do WSJ.
O Wall Street Journal seguirá mantendo alguns de seus blogs, como o Real Time Economics e o MoneyBeat.