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Oct. 16, 2017, 1:50 p.m.
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Não é uma revolução (ainda): jornalismo de dados não mudou tanto

“Nossas descobertas desafiam a noção generalizada de que [o jornalismo baseado em dados] ‘revoluciona’ o jornalismo em geral, substituindo formas tradicionais de descobrir e apurar notícias”.

Quando você ouve as palavras “jornalismo de dados”, muitas vezes também escuta “revolução” e “futuro”. Mas de acordo com um novo estudo que examina centenas de projetos internacionais de jornalismo de dados nomeados para prêmios nos últimos quatro anos, a maioria dos projetos de jornalismo não mudou tanto quanto se esperava: ainda cobre principalmente a política, ainda é muito intensivo em mão-de-obra e requer grandes equipes, ainda é feito principalmente por jornais e ainda usa principalmente “dados públicos pré-processados”.

“Nossas descobertas desafiam a noção generalizada de que [o jornalismo baseado em dados] ‘revoluciona’ o jornalismo em geral, substituindo formas tradicionais de descobrir e apurar notícias”, escreveram Wiebke Loosen, Julius Reimer e Fenja de Silva-Schmidt em um artigo publicado online na revista Journalism.

Loosen e Reimer, ambos do Instituto Hans-Bredow para Pesquisa de Mídia em Hamburgo, Alemanha, e De Silva-Schmidt, da Universidade de Hamburgo, analisaram 225 projetos que foram finalistas (não apenas inscritos) de Prêmios de Jornalismo de Dados (DJA, em inglês) entre 2013 e 2016, registrando fontes e tipos de dados, visualizações, recursos interativos, tópicos e produtores, para ver como os projetos mudaram ao longo do tempo, como os vencedores dos prêmios diferiram dos projetos que foram apenas nomeados e onde pode haver espaço para inovação e melhoria. Por que olhar para esses projetos? Eles são “o que o próprio campo considera como exemplos significativos de reportagem baseada em dados”, escreveram os autores, explicando que os vencedores provavelmente conduzirão o desenvolvimento futuro do campo.

Aqui estão algumas das tendências observadas nos 225 projetos:

O jornalismo de dados ainda requer muita mão-de-obra intensiva. Dos 192 projetos na amostra com reportagens assinadas, em média “pouco mais de cinco pessoas receberam crédito como autores ou contribuidores”. Cerca de um terço (32,7 por cento) dos projetos foram realizados em colaboração com “parceiros externos que contribuíram para a análise ou visualizações projetadas.”

Jornais ainda lideram na produção do jornalismo de dados e ganham mais prêmios. Um total de 43,1 por cento dos candidatos e 37,8 por cento dos premiados foram enviados por jornais. Depois disso:

Outro grupo importante é composto por organizações envolvidas no jornalismo investigativo, como a ProPublica e o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ, em inglês), que foram premiados significativamente com maior frequência (total: 18,2 por cento, concedido pelo DJA: 32,4, apenas indicado: 15,4). Revistas impressas e mídia online nativa (8,4 por cento cada), emissoras públicas e privadas (5,8 e 5,3 por cento), agências de notícias (4,4 por cento), organizações não jornalísticas (4,0 por cento), mídia universitária (3,1 por cento) e outros tipos de autores (2,7 por cento) são bem menos representados. Curiosamente, matérias impressas de revistas, agências de notícias e organizações não jornalísticas não foram premiadas.

É muita política. Quase metade das matérias analisadas (48,2 por cento) abrangeu um tema político, seguido de “questões sociais”, como resultado do censo e crimes (36,6 por cento), negócios e economia (28,1 por cento) e saúde e ciência (21,4 por cento). “Cultura, esportes e educação atraem pouca cobertura (2,7 por cento para 5,4 por cento)”. A maioria dos projetos também tratou apenas de uma categoria tópica, em vez de cobrir duas ou mais áreas tópicas diferentes (por exemplo, decisões políticas e seu impacto social, investigando como as leis de armas influenciam o número de massacres)”. Os autores se perguntam se é porque os prêmios da indústria preferem tópicos mais sérios.

— O jornalismo de dados está se tornando mais crítico. Cinquenta e dois por cento das matérias analisadas incluíram “elementos de crítica” (por exemplo, nos métodos de confisco ilícito da polícia) ou mesmo chamadas para intervenção pública (por exemplo, em relação às emissões de carbono)… Esta parcela cresceu consistentemente ao longo dos quatro anos (2013: 46,4 por cento vs. 2016: 63,0 por cento) e foi consideravelmente maior entre os vencedores dos prêmios (62,2 por cento vs. 50,0 por cento).

A maioria dos projetos ainda depende de dados oficiais (em vez de coletados pelo próprio projeto). Provavelmente não é supresa que as matérias premiadas foram mais propensas a conter “dados obtidos através de pedidos, coleta própria ou vazamentos”. Os autores ficaram surpresos, no entanto, que “apesar de associarmos mais frequentemente o jornalismo de dados com abertura e transparência, em mais de dois-quintos das matérias, os jornalistas não indicaram como acessaram os dados que usaram.”

As visualizações não são muito mais sofisticadas. As imagens estáticas e os gráficos ainda foram encontrados com mais frequência. “As combinações típicas de elementos de visualização incluem imagens com gráficos estáticos simples (40,0 por cento de todos os casos) ou com mapas (32,4 por cento), além de mapas acoplados a gráficos estáticos simples (31,1 por cento)”. As matérias premiadas tiveram mais probabilidade de serem visualmente ricas.

— A interatividade é “um critério de qualidade”, mas a interatividade sofisticada é realmente rara. Mapas de zoom e funções de filtro são mais comuns, talvez porque muitas vezes já estão incluídos em ferramentas de software gratuitas que os jornalistas de dados provavelmente usarão. “Nossos resultados coincidem com as observações de outros de que falta sofisticação na interatividade relacionada a dados… geralmente incluem apenas possibilidades limitadas para o público fazer escolhas ou interatividade formal mínima só para adicionar algum tipo de interatividade.” Também não está claro o quanto o público realmente quer visualizações interativas em notícias.

No geral, os autores acham que o jornalismo de dados ainda é intensivo em mão-de-obra, lento para responder às últimas notícias e dependente das áreas que já produzem dados regularmente, como eleições. “Pela falta dessas características importantes do jornalismo (atualidade e universalidade de temas), é mais provável que o jornalismo de dados complemente as reportagens tradicionais”, segundo os autores, “do que substituí-las em larga escala.”

The Portuguese version of this story was originally published at IJNet.

Visualization of Wikipedia edits by Fernanda Viégas used under a Creative Commons license.

Laura Hazard Owen is the editor of Nieman Lab. You can reach her via email (laura@niemanlab.org) or Bluesky DM.
POSTED     Oct. 16, 2017, 1:50 p.m.
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