Ferido pela desaceleração no mercado de publicidade, o Guardian espera que grandes doadores possam ajudar a aumentar o ritmo.
Na 2ª feira (28.ago.2017), o Guardian anunciou formalmente a criação do theguardian.org, um braço filantrópico com base nos EUA formado para arrecadar dinheiro de indivíduos e organizações que buscam financiar certos tópicos específicos do jornalismo (incluindo “think tanks” –instituição dedicada a produzir e difundir conhecimentos e estratégias sobre assuntos vitais– e fundações corporativas). Desde o seu silencioso lançamento no ano passado, a organização arrecadou US$ 1 milhão, decorrente das curtidas da Humanity United, de Pierre Omidyar, da Fundação Skoll, e da Fundação Conrad N. Hilton para financiar relatórios sobre temas como a escravidão nos dias atuais e mudanças climáticas. O Guardian disse que garantiu US$ 6 milhões “em comprometimento de financiamentos por vários anos”, o que se espera que apoie a cobertura de tópicos que não seriam reportados de outra maneira.
Are we a few years away from every journalism organization setting up a nonprofit? https://t.co/6abYDoTCZg h/t @Cingib
— Caroline Preston (@cpreston) August 28, 2017
Passaram-se apenas 3 anos desde que o Guardian, motivado por sua cobertura de sucesso das revelações de Edward Snowden e que resultou em um Pulitzer, embarcou em uma busca global para aumentar seu status, particularmente nos EUA. Mas a realidade tem sido menos cor-de-rosa: O Guardian, que tem sido um gastador de dinheiro perene, tem sido forçado a fazer demissões em sua equipe norte-americana e embarcar em uma série de cortes de gastos que prejudicaram seus planos de crescimento.
No entanto, há boas notícias na parte de assinaturas pagas. Em seu relatório de receita de julho, o Guardian disse que as vendas de assinaturas e mais de 190 mil contribuições únicas ajudaram a aumentar sua receita geral em 2,4%, para £ 214,5 milhões (US$ 257 milhões), para o ano fiscal terminando em 2 de abril. A receita decorrente de bolsas de financiamento aumentou 65% em relação ano ano anterior, para £ 3,8 milhões, mas ainda é uma pequena parte do retorno geral do jornal.
A ação do Guardian ocorre apenas um mês depois que o coletivo Laurene Powell Jobs’ Emerson adquiriu uma participação majoritária de The Atlantic. Esses movimentos poderiam ser um presságio para ações similares por parte de outros veículos de notícias. Mas também podem haver lados negativos na troca. Ruth McCambridge, editora do Nonprofit Quartely, disse que a mistura de jornalismo e estratégia filantrópica era “assustadora”. O CEO do Grupo Midiático Gizmodo, Raju Narisetti, perguntou-se se o Guardian, que é um veículo com 1 considerável fluxo de caixa do Scott Trust, é realmente a publicação mais efetiva para que doadores financiem. O que é bom para o Guardian pode acabar não sendo tão bom assim para veículos menores que competem pelo mesmo dólar.
Big foundations will want to fund big name-brand media (Non Profits) while small/local/regional media non-profits still struggle for funding https://t.co/yNd7YF1flv
— Raju Narisetti (@raju) August 28, 2017
Like them but so many better alternatives for donors: @guardian Sets Up a Nonprofit to Support Its US Journalism https://t.co/EEo4LFJ2K8
— Raju Narisetti (@raju) August 28, 2017
You're right. It's going to take from the little guys, while buying the big guys more time. The foundations, meantime, will love the attn. https://t.co/D30lujPTiF
— Kyle Pope (@kylepope) August 28, 2017
Looking for more coming down the pike – for-profit newspapers carving out nonprofits to fund reporting. Part of a new hybrid biz model https://t.co/DD2wxRcAdw
— Kyle Pope (@kylepope) August 28, 2017
When journalism literally becomes a charity case the fourth estate is under real threat. https://t.co/uhAOvQzL2u
— Neil Thackray (@neilthackray) August 28, 2017
The Portuguese version of this story was first published in Poder360. Translation by Renata Gomes.
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